Robson Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra e um dos líderes que se engajaram na campanha por André Mendonça no STF, diz que deveria haver 'dois ou três ministros evangélicos' na Corte


Foto: Marcelo Oliveira.

O fundador da igreja Sara Nossa Terra e um dos líderes evangélicos que mais se engajaram na campanha pela ida de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), o bispo Robson Rodovalho acredita que, depois do Executivo e do Legislativo, é hora de ampliar ainda mais os espaços do segmento no Judiciário.

Ele afirma que o presidente Jair Bolsonaro continuará tendo o apoio dos evangélicos na eleição de 2022 porque o PT descumpriu o que prometeu na pauta de costumes enquanto governou.

1-) Nas últimas décadas, os evangélicos ampliaram espaços elegendo representantes no Executivo e no Legislativo. Por que a importância de expandir influência no Judiciário?
Porque o espaço não condiz com a nossa representação de mais de 30% da sociedade brasileira. Na primeira instância do Judiciário temos membros, a proporção cai na segunda instância e se reduz ainda mais em cortes superiores. Até a nomeação de André Mendonça na semana que passou, o STF não tinha evangélicos. Justamente por isso houve uma mobilização nunca antes vista das nossas lideranças.

2-) Que pautas são essas que estão no STF que tanto interessa aos evangélicos?
Algumas já foram julgadas como a criminalização da homofobia, com resultado final confuso. Outras questões ainda serão abordadas como a descriminalização do aborto e do porte de drogas. São temas delicados.

3-) Quais os próximos passos a serem dados pelos evangélicos para expandir influência no Judiciário?
Deveríamos ter pelo menos dois ou três ministros evangélicos ou do segmento cristão na Corte. Digo cristãos praticantes, porque é claro que há hoje no STF excelentes ministros compartilhando valores da família. Mas o discurso de abertura de espaço para minorias na sociedade acabou ofuscando o tamanho da maioria. O presidente Bolsonaro enxergou isso e fez a correção histórica.

4-) O Brasil é o segundo país do mundo em mortes pela Covid-19 e o desemprego e a inflação atingiram altos índices este ano. Qual o segredo para Bolsonaro manter popularidade acima da média entre os evangélicos?
O presidente é uma pessoa bem intencionada, verdadeira e que fala o que sente. É espontâneo sem ser travestido de marketing. Tem muito valor isso num mundo tão maquiado como o de hoje. A crise econômica atingiu todos os países por conta da pandemia e não por decisões erradas dele. Pelo contrário. O dinheiro da União foi repassado para os estados. E sobre o combate ao coronavírus, se o Ministério da Saúde não comprou as vacinas três meses antes, é porque não havia condições contratuais para tal. Hoje, no entanto, somos um dos países que mais vacinam no planeta.

5-) Não incomodam as agendas conflitantes com os evangélicos como a defesa das armas e da liberação do jogo?
No campo das armas, muitos evangélicos são a favor da posse. Há uma sensação generalizada da impotência do Estado no campo da segurança pública. No jogo, é verdade, a maioria é contra, eu inclusive. Mas há pessoas a favor por entender que é possível desenvolver regiões estagnadas. Todas as nações colonizadas e que viram o protestantismo se expandir como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Austrália são lenientes com a questão do jogo.

6-) Não incomodam sequer as denúncias de rachadinha contra os filhos do presidente?
Rachadinha faz parte do ambiente da política e a oposição maximiza esse tema. Para isso tem a Justiça, cabe a ela condenar ou absolver. Não podemos fazer julgamentos prematuros.

7-) Como vê as sinalizações de presidenciáveis para os evangélicos como os gestos do ex-presidente Lula?
É natural, mas não basta conversar, é preciso se comprometer com certos valores. O PT já fez isso lá atrás. Fizemos alguns acordos com Lula e Dilma em temas como ideologia de gênero nas escolas e pautas LGBT. Eu, (pastor Silas) Malafaia e (bispo Edir) Macedo apoiamos o PT no passado. Acreditamos nos acordos estabelecidos porque, em vários momentos, candidatos do PSDB não aceitaram o que queríamos. Com o tempo, o PT acabou não cumprindo os acordos e implantou uma agenda contrária ao que acreditamos, atropelando os valores familiares.

Fonte: O Globo.