“Não podemos normalizar, condescender e aceitar as fake news
como um fenômeno inevitável. Nós não podemos aceitar isso como algo que seja
impossível de combater ou que se tornará natural no dia a dia. Temos que ter
instrumento, Estado, regulamentação, sim, e responsabilidade do mercado”, disse
Toffoli, durante seminário online sobre liberdade de expressão, organizado pelo
site Poder360 em parceria com o Observatório de Liberdade de Imprensa da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB).
O ministro destacou que em todo o mundo há o movimento de
exigir maior responsabilização das empresas em torno das fake news, e que as
plataformas “sabem que essa responsabilidade está chegando”, mas tentam
postergar essa regulação por razões econômicas.
No fim de junho, o Senado aprovou um projeto de lei com o
objetivo de combater a disseminação de informações falsas por meio de redes
sociais e serviços de mensagem. O texto depende agora de análise da Câmara dos
Deputados.
A iniciativa foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro,
que disse ser uma limitação à liberdade de expressão. Ele já disse também que
pretende vetar trechos da lei se receber o texto aprovado pelo Senado para
sanção.
Inquérito
Toffoli também voltou a defender nesta terça-feira o
inquérito das fake news, aberto de ofício por ele e relatado pelo ministro
Alexandre de Moraes. O presidente do Supremo disse que a investigação tem como
alvo uma “máquina de desinformação”.
“O que se investiga naquele inquérito vai muito além de
manifestações ou críticas contundentes contra a Corte. Trata-se de uma máquina
de desinformação, utilizando-se de robôs, de financiamento e de perfis falsos
para desacreditar as instituições democráticas republicanas e seus agentes”,
disse Toffoli.
Na semana passada, após determinação de Moraes, o Twitter e
o Facebook bloquearam perfis de diversos usuários investigados no Supremo pela
suposta disseminação de notícias falsas e por fazer ameaças a ministros da
Corte.
No dia seguinte ao bloqueio, o presidente Jair Bolsonaro,
por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), ingressou com uma ação direita de
inconstitucionalidade (ADI) no Supremo, pedindo que seja derrubada qualquer
decisão que determine o bloqueio de perfis em redes sociais.
Até o fim da semana, quando termina o recesso do Poder
Judiciário, a ação encontra-se na mesa de Toffoli, que pode decidir sobre o
pedido de liminar antes de encaminhar o processo ao relator, ministro Edson
Fachin.
“Nós temos no Brasil mais de 200 mil pessoas presas
provisoriamente sem sentença de 1º grau. Nós não temos 200 mil redes sociais
paradas. Choca mais as redes sociais paradas, meia dúzia de redes sociais
paradas, do que 200 mil pessoas presas sem sentença? São reflexões que nós
temos que fazer, não estou aqui fazendo juízo de valor, estou dando fatos”,
disse Toffoli nesta terça-feira, ao ser questionado sobre o assunto.
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