Ibaneis disse que retorno às atividades em agosto 'agrada'. Representantes das instituições de ensino não concordam e pedem para ser ouvidos


Fachada de escola particular no Lago Sul (DF) — Foto: Isabella Formiga/G1

Em meio à pandemia de coronavírus, o governador Ibaneis Rocha (MDB) descartou, na quinta-feira (7), a retomada das aulas no mês de maio e disse que "agrada" uma volta às atividades apenas em agosto. A fala foi mal recebida pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares do Distrito Federal (SINEPE-DF), que pede defende o retorno em junho e pede que o governador "reflita sobre a consequência dessa declaração".

"Essa informação de retorno apenas no mês de agosto é descabida e não partiu das escolas particulares do DF. Somos completamente contra essa possibilidade", diz o Sinepe.




Sindicato das Escolas Particulares do DF diz que é a favor da volta às aulas 'lenta, gradual e segura'. — Foto: Reprodução

O presidente do Sinepe Alvaro Domingues, diz que as instituições particulares "não suportam [ficar fechadas] além do mês de maio". Segundo ele, o sindicato entende a preocupação com a segurança dos alunos, mas as escolas particulares "são o local principal para a difusão da cultura de profilaxia e de prevenção à difusão do vírus".

Em um vídeo, postado nas redes sociais, Domingues pede que o governo reinicie o diálogo, que estava sendo feito antes, para ouvir o setor. "Em nenhum momento o Sinepe foi ouvido a cerca do retorno em agosto", afirma.

"O sindicato representa 180 escolas, com mais de 100 mil estudantes em Brasília. Portanto, somos um protagonista, um personagem importante nesse momento."

Posição do governador


Ibaneis Rocha em coletiva no Palácio do Planalto — Foto: NBR/Reprodução

As declarações do governador foram feitas em entrevista coletiva após reunião com a juíza Kátia Balbino de Carvalho, que suspendeu temporariamente a reabertura do comércio na capital, na quinta-feira (7). A magistrada foi ao Palácio do Buriti para colher dados que embasaram as decisões do governo local e, segundo Ibaneis, o saldo do encontro foi positivo.

Ao comentar a volta às aulas, o governador disse que os estudos técnicos apresentados pela Secretaria de Educação indicam que é "arriscado" retomar as atividades por enquanto. Um dos motivos é a previsão de que o pico do contágio pelo coronavírus no DF ocorra só em julho.

"Eu tenho uma posição em relação às escolas um pouco mais restritiva, principalmente por conta dos estudos que vieram da Secretaria de Educação e foram submetidos à Secretaria de Saúde. A gente voltar com escolas nesse momento é um pouco arriscado. Eu não decidi ainda, vamos analisar durante o mês de maio, mas espero que a gente prorrogue isso aí."


Na ocasião, Ibaneis também disse que tem falado com representantes de escolas particulares e que os pais têm se manifestado pelo retorno das aulas apenas em agosto.




O que dizem os pais




Em nota, Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal (ASPA-DF) afirma que considera "positiva a proposta de retorno às aulas dentro das normas de segurança e de forma que tal retorno garanta a saúde e o bem estar dos estudantes e de toda comunidade escolar". A organização pede a criação de um comitê para acompanhar a retomada das atividades (veja abaixo).


A associação diz que o problema é conseguir um retorno seguro, "diante da heterogeneidade das escolas". Os pontos questionados pela ASPA são:



Quais escolas estarão preparadas para cumprir os protocolos recomendados pela OMS?
Todas as escolas adotarão as mesmas medidas?
Todas as escolas têm equilíbrio financeiro para arcar com os investimentos de adequação que estão sendo propostos?
Em quanto tempo conseguirão ofertar as condições para o cumprimento dessas medidas?
Como serão higienizados os transportes escolares e as dependências da escolas?
Qual será o protocolo de testes para o retorno às aulas?
Qual será o procedimento se um estudante ou um trabalhador, durante o período de aula, for identificado como suspeito de portar o COVID-19?




"No Distrito Federal há inúmeras escolas, mas cada uma com sua realidade, por isso, a ASPA sugere que cada escola instaure o seu comitê de acompanhamento", dizem os representantes de pais e alunos. O comitê seria formado por:




Representantes da comunidade escolar
Especialistas de saúde vinculados aos GDF





"A ideia é atuar como um órgão extra de controle social, focado na segurança da comunidade em face da pandemia", sugere a Aspa.